Pela primeira vez na vida eu presenciei um fato inusitado na
educação portelense. E esta postagem é necessária, pois, durante toda a minha
vida como professor eu nunca tinha visto antes.
Mas deixa eu comentar, primeiramente, sobre a boa recepção
que tive na nova escola onde fui lotado.
A diretora, Odete Machado, mostrou-me as dependências da escola Ivone,
desde as salas, banheiros, sala de informática, secretaria, enfim tudo que
compõe uma unidade escolar. Em seguida, ela se apresentou e deu início à
reunião, onde elencou todos os professores e deu boas vindas aos novos
integrantes da equipe.
Ao ser concedida a palavra ao coordenador da escola, Rômulo,
veio o fato inusitado a que aludi no começo desta postagem. Rômulo, após
discutir vários aspectos importantes da educação e sua experiência e, também,
ouvindo a experiência dos demais profissionais, deixou para última a questão.
Tratava-se da distribuição de turmas. Claro, Rômulo estabeleceu alguns
critérios, que estavam fixados numa folha de papel, cuja cópia foi entregue
para cada professor. No início, encabeçava o vínculo do professor (concursado,
contratado), passando por tempo de experiência no magistério, tempo de
experiência com a série/ano; número de capacitações realizadas na área
(cursos); avaliação da equipe gestora acerca do desempenho do professor na
escola, tais como:
1.
Participação na elaboração e desenvolvimento dos
trabalhos pedagógicos e outros de interesse da escola;
2.
Desempenho satisfatório do trabalho com a turma,
no que se refere ao bom aproveitamento dos alunos no ano letivo;
3.
Participação das atividades de articulação da
escola com as famílias e a comunidade;
4.
Participação dos períodos dedicados ao
planejamento da escola;
5.
Participação nas reuniões mensais, bimestrais e
semestrais da escola;
6.
Pontualidade e Assiduidade no trabalho.
E, por último, a solicitação do professor.
Claro que achei louvável a postura democrática diante dessa situação que nunca
tinha constatado nas escolas por onde passei. Geralmente essa distribuição é
feita pelos generais da secretaria, diretora estilo Hitler e os eternos
grupinhos chamados de panelinha.
No entanto, apesar de achar a atitude meritória,
considerei junto aos meus pares, inclusive com questionamentos sobre um setor
de estatísticas para servir de embasamento quanto ao quesito de desempenho
satisfatório com a turma. Ora, afirmei que os dados provenientes de um
relatório atualmente feito pelos coordenadores se restringem a textos, porém,
nesse caso, os números poderiam muito bem contrariar. Por exemplo, recebi uma
turma com 70% de alunos analfabetos e, ao final do ano letivo, reverti a
situação. No entanto, tal dado não consta na avaliação mostrada no relatório.
Da mesma forma, considerei também o item
número 4 (Número de capacitações realizadas na área – cursos). Nesta, além de
relatar a seleção dos professores que deveriam constar na lista dos cursos – em
cujo bojo eu nunca constei! -, perguntei porque não havia vaga para todos os
professores, lembrando que nos tempos chamados ditatoriais, todos os
professores eram convocados a participar. Lembrei também que agora, que os
senhores democráticos passaram pelo poder, a direção da escola afixava no
quadro de avisos os professores “contemplados”. Então, a meu ver, o item número
4 é, afirmei, injusto.
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