segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Seleção de turmas nas escolas de Portel: fato inusitado aconteceu



Pela primeira vez na vida eu presenciei um fato inusitado na educação portelense. E esta postagem é necessária, pois, durante toda a minha vida como professor eu nunca tinha visto antes.
Mas deixa eu comentar, primeiramente, sobre a boa recepção que tive na nova escola onde fui lotado.  A diretora, Odete Machado, mostrou-me as dependências da escola Ivone, desde as salas, banheiros, sala de informática, secretaria, enfim tudo que compõe uma unidade escolar. Em seguida, ela se apresentou e deu início à reunião, onde elencou todos os professores e deu boas vindas aos novos integrantes da equipe.
Ao ser concedida a palavra ao coordenador da escola, Rômulo, veio o fato inusitado a que aludi no começo desta postagem. Rômulo, após discutir vários aspectos importantes da educação e sua experiência e, também, ouvindo a experiência dos demais profissionais, deixou para última a questão. Tratava-se da distribuição de turmas. Claro, Rômulo estabeleceu alguns critérios, que estavam fixados numa folha de papel, cuja cópia foi entregue para cada professor. No início, encabeçava o vínculo do professor (concursado, contratado), passando por tempo de experiência no magistério, tempo de experiência com a série/ano; número de capacitações realizadas na área (cursos); avaliação da equipe gestora acerca do desempenho do professor na escola, tais como:
1.      Participação na elaboração e desenvolvimento dos trabalhos pedagógicos e outros de interesse da escola;
2.      Desempenho satisfatório do trabalho com a turma, no que se refere ao bom aproveitamento dos alunos no ano letivo;
3.      Participação das atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade;
4.      Participação dos períodos dedicados ao planejamento da escola;
5.      Participação nas reuniões mensais, bimestrais e semestrais da escola;
6.      Pontualidade e Assiduidade no trabalho.

E, por último, a solicitação do professor. Claro que achei louvável a postura democrática diante dessa situação que nunca tinha constatado nas escolas por onde passei. Geralmente essa distribuição é feita pelos generais da secretaria, diretora estilo Hitler e os eternos grupinhos chamados de panelinha.
No entanto, apesar de achar a atitude meritória, considerei junto aos meus pares, inclusive com questionamentos sobre um setor de estatísticas para servir de embasamento quanto ao quesito de desempenho satisfatório com a turma. Ora, afirmei que os dados provenientes de um relatório atualmente feito pelos coordenadores se restringem a textos, porém, nesse caso, os números poderiam muito bem contrariar. Por exemplo, recebi uma turma com 70% de alunos analfabetos e, ao final do ano letivo, reverti a situação. No entanto, tal dado não consta na avaliação mostrada no relatório.
Da mesma forma, considerei também o item número 4 (Número de capacitações realizadas na área – cursos). Nesta, além de relatar a seleção dos professores que deveriam constar na lista dos cursos – em cujo bojo eu nunca constei! -, perguntei porque não havia vaga para todos os professores, lembrando que nos tempos chamados ditatoriais, todos os professores eram convocados a participar. Lembrei também que agora, que os senhores democráticos passaram pelo poder, a direção da escola afixava no quadro de avisos os professores “contemplados”. Então, a meu ver, o item número 4 é, afirmei, injusto.

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