quarta-feira, 27 de março de 2013

Frustração de um professor


No curso de formação do Pacto pela Alfabetização na Idade Certa, a nossa professora orientadora foi a Jacira Baia. Durante o início do curso, no dia 9 deste mês, Jacira propôs que os professores presentes na sua sala, que aconteceu na escola Graça Lima, fizessem uma breve exposição escrita sobre as frustrações da profissão. Eis que produzi, em forma de poema:

Minha professora jacira me botou um problemão
Pois entendo que o fato de estar num curso de formação
Às vezes nos pega mesmo de calça na mão
Sei que tem muita gente de fora e isso já é uma exclusão
Não vou falar pra vocês para criar ilusão
Pois o assunto é de grande repercussão
Mesmo ao nascer participei da situação
Já que espermatozoide tava na casa do milhão
Nasci e minha parteira meteu o bofetão
Passeava de carrinho e o filho do vizinho no carrão
Na escola, meu professor me colocou no paredão
E o filho do rico para manter o costume ficou lá no fundão
Pegava as meninas e eu ficava na mão
No trabalho eu tinha de bater o cartão
O boa pinta nem sequer entrava no portão
Como professor só é perseguição
Até meu salário foi pura enrolação
Sou rebaixado até na lotação
Se pensa que acabou tem mais sacaneação
É porque você nunca prestou em mim a atenção
Mas vou parar por aqui antes que me venha uma assombração
Pois no poder tem muita gente com o rei no barrigão
Não sabem que o que lhes espera tá lá no livrão
E, pobre ou rico, todos vão parar mesmo é no caixão.

terça-feira, 19 de março de 2013

Com 70% de alunos analfabetos: solução seria criar aulas de reforço


Em reunião realizada ontem com os pais dos meus alunos, sugeri que haja aulas de reforço. A sugestão surgiu da minha observação de que, em pleno 3º ano, há 70% de analfabetos na minha turma e o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa prevê a saída do ciclo já sabendo ler.

Muito embora seja uma boa ideia, pois muitos dos alunos que já leem bem possuem aulas particulares de reforço, a maioria dos pais não têm condições financeiras para bancar essa despesa. Assim, levantei a possibilidade da escola criar aulas de reforço em horário paralelo. Ou seja, as crianças voltariam à escola no contraturno, significa dizer que quem estuda à tarde voltaria de manhã para a aula de reforço.

Outro problema que enfrentaremos será a falta de espaço físico para acomodar tantos alunos, já que em conversas informais com os demais colegas professores ficou evidente que esse não é um problema particularmente da minha turma de 3º ano.  Ao considerar problemas, o maior obstáculo será convencer a secretaria de educação a promover essas aulas, uma vez que será necessária a mão de obra de professores e isso implica em pagar horas a mais aos professores. Em conversa com dois membros do conselho escolar encontrei apoio para a ideia que já teve aclamação geral por parte dos pais.

Agora, a ideia é convencer a direção da escola, para, posteriormente convencermos a SEMED da necessidade urgente da implantação dessas classes.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Primeiro dia com merenda é comemorado pelas crianças


Hoje foi o primeiro dia em que houve merenda na minha escola. A alegria era clara nos olhos dos meus alunos, que estão na faixa dos 8 e 9 anos de idade. Desde o dia 28, quando as aulas começaram em minha escola (Ivone Santos), não tínhamos merenda e as criancinhas sempre vinham com aquela pergunta que dói o coração: “Tem merenda hoje”. Dói porque às vezes a merenda é a única refeição na casa de muitas dessas crianças humildes.

Como não tínhamos merenda, era o jeito liberar os alunos mais cedo. Assim, às 16:15, todos iam embora, num acordo coletivo entre pais, professores, coordenação e direção escolar. Lembrado que saco vazio não fica em pé. Claro que foi feita uma grande reunião para tratar do assunto, onde estavam presentes professores, pais, coordenador, diretora, vice-diretora. Mas, graças a Deus, depois de 19 dias, temos, finalmente, merenda. Para a alegria da meninada, que, depois de encher a pança (encher é só uma maneira de dizer que merendaram, já que suco e bolacha não é lá essas coisas), foram para a sala de informática.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Escola sem energia: pirei


Ontem parou a energia e eu fiquei com pena dos meus pequenos. Esperei o tempo
Quando faltava pouco pra 15 minutos, a energia voltou.
e as criancinhas, tadinhas, molhadas de suor e pedindo pra sair.
Não podemos liberar e isso é tido como maus tratos